terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Em Clima de Despedida



des.pe.di.da
sf (fem do part de despedir) 1 Ação de despedir ou despedir-se; separação, partida, adeus. 2 Conclusão, final, termo. 3 Folc Parte final do cerimonial das folias de reis, do Divino, do bumba-meu-boi e das danças rústicas como o fandango. sf pl Expressões corteses ou saudosas de quem se despede. Por despedida: por último.

Ô palavrinha complicada viu! Difícil não se incomodar com ela.
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Ao percorrer pelas últimas vezes os corredores da Sociedade Hebraico Brasileira Renascença vou relembrando as primeiras vezes em que o fiz. Abril de 2009 uma segunda-feira. Nesses quase dois anos que estou aqui nunca precisei trabalhar no Sábado. Graças a Deus por isso! Ele sabe o que faz.
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Há vários tipos de despedida. Algumas são tristes e outras são alegres, eu particularmente odeio despedidas mas o fato é que estou me despedindo de um emprego para poder alçar voos mais altos na minha carreira acadêmica, profissional e principalmente espiritual.
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Nessa minha vida eu já me despedi várias vezes, algumas foram significativas e merecem mensão.
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A primeira foi a despedida do Clube de Desbravadores Amigos da Fauna quando vim para São Paulo. Fizeram uma festinha para eu e meu irmão.
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A outra foi na formatura da faculdade, essa não tem realmente como esquecer.
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A despedida do quartel também é uma que merece ser lembrada.
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E essa agora. A despedida do emprego atual. Não que seja o emprego dos sonhos, mas por ser um lugar peculiar e por ter tido um papel fundamental na recuperação da minha auto-estima pois ele apareceu em um momento em que eu já não estava mais aguentando ficar desempregado. Me ajudou a recuperar meu poder de compra e devolveu um pouco da minha dignidade. Também é pelo fato de estar me despedindo não para ir para outro emprego mas sim para cursar uma outra faculdade e essa também bastante peculiar, Teologia no UNASP.
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Estou saindo não para um outro emprego mas para ser treinado para ser um ministro do evangelho, não é brincadeira é um ato de entrega, de abnegação.
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Não vou poder me despedir de todos porque alguns já estão de férias, melhor assim, amanhã é meu último dia e pretendo sair de fininho sem ter que ficar indo abraçar ninguém e correr o risco de pagar um micão deixando escapar alguma lágrima rebelde. Homem não chora, apenas lava os olhos de dentro para fora!
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Depois dessa ainda terei mais duas despedidas, a da igreja onde está meu registro de membro desde 1997 e da minha família, nesse último caso vou esquecer que sou homem e vou acabar chorando bastante. E olha que a faculdade é aqui no interior de São Paulo hein, apenas umas duas horas de casa. Imagina se fosse mais longe!?
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Bom, quero agradecer ao Rena, apelido do lugar onde trabalho, mais uma vez pela oportunidade. Serei eternamente grato pelo que fizeram por mim me mandando embora me liberando todos os direitos trabalhistas regidos pela CLT (isso foi obra divina e fruto de muitas orações). Obrigado pela amizade da garotada que escreveu diversos cartazes e bilhetes ao longo da minha estada aqui, guardo todos com carinho. Um abraço e até quem sabe um dia!
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[Nota:] Esse texto que publico agora foi um cara super gente boa que conviveu comigo no quartel, seu nome é Alexandre Pagliuca. Ele era 1º Tenente dentista da cia onde eu servia. Um cara super culto, inteligentíssimo que já viajou os mais variados lugares do mundo e que não media esforços para ajudar ninguém. Segue o texto:
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Amigos do Planeta BLog!!
Enfim, civil novamente!
Vou sentir muito a falta de vocês, mas sei que nada acabou, apenas ocorreram mudanças...
Esse texto fala por si só, pela despedida que se fez necessária...
Saudades e não sumam!
Pagliuca, ou melhor,
Alê
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"E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor pensar que a última vez que se encontraram se curtiram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.
Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.
E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?
Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.
Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.
A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo."

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