
Ontem eu tava com vontade de andar e quando o relógio marcou o fim do meu expediente aqui no ambulatório resolvi ir la na loja da
Casa Publicadora Brasileira na Praça da Sé, 28. Fui lá com o intuito de comprar a lição da Escola Sabatina do último trimestre.
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Do metrô Marechal Deodoro em Higienópolis até o supracitado lugar são aproximadamente 8 minutos, trajeto rápido. No caminho observo o entra e sai das pessoas no vagão. Uns entram rindo, outros conversando ao celular, outros calados, alguns tristes outros com
cara de paisagem. Os destinos são variados. Uns vão trabalhar, outros estão voltando do trabalho. Uns vão estudar, outros estão voltando da aula. Uns vão se encontrar com alguém, outros estão voltando do encontro. Não importa a ocasião nem o destino, o certo é que todos passarão pela Sé, seja para descer na estação ou seja para pegar outro metrô, afinal de contas lá é o entroncamento das linhas Norte-Sul Leste-Oeste. Quem vai para a zona Leste pega o Corinthians/Itaquera, que vai para a zona Oeste pega o Palmeiras/Barra Funda, quem vai para a zona Norte pega o Tucuruvi, quem vai para a Zona Sul pega o Jabaquara. Aff... Cansei só de escrever.
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Ao descer do metrô observo as pessoas na praça da Sé. Podemos dizer que lá além de ser o
marco zero da capital, também é um resumo do que é São Paulo. Todos tem lá o seu espaço. Tem as garotas de programa que exibem seu corpo semi-nu atrás da igreja lançando olhares insinuantes convidando homens para o sexo rápido em troco de R$ 20,00. Há algumas que estão lá por necessidade, outras por opção. Os motivos são variados, mas o fato é que estão lá.
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Tem os drogados e marginalizados que perambulam olhando para o chão com pés descalços e imundos, cabelos grandes, barbas enormes e odor fétido em busca de algum resto de alimento, uma moeda perdida ou uma bituca de cigarro. Alguns se deitam no chão esticando a mão torcendo para que algum coração se sensibilize com a situação e lhes deem alguma esmola. Muitos estão lá porque perderam casa, carro, dinheiro, família. Outros estão lá porque fugiram de casa, e outros ainda estão porque já nasceram na rua. Triste realidade!
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Há o espaço militar. Policiais montam lá suas bases móveis e fazem o patrulhamento junto com a Guarda Municipal.
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Há os hippies que fazem seu artesanato inspirados nas cores do reggae como uma espécie de gratidão a Bob Marley pela música ou a Jah pela maconha.
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Existem lá também os ambulantes que fazem propaganda de tudo quanto é tipo de negócio, seja ele honesto ou não. As ofertas são desde compra e venda de ouro e jóias (eu mesmo vendi o meu anel de formatura lá em um período de vacas magras) até a falsificação de documentos pessoais como RG, CPF e carteira de habilitação e se você quiser um dia dar um cano no trampo é só ir lá e procurar alguém que te venda atestados médicos. Falsos é claro!
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Os engraxates são presença marcante também. De olho nos calçados dos executivos que vão em direção aos bancos da rua Boa Vista e das bolsas de valores na praça Antônio do Prado os meninos com seus banquinhos de madeira, dedos sujos e flanelinhas manchadas de graxa penduradas ao ombro também dão seu tom a esse quadro social tão vasto.
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Com um universo de tribos, classes e raças tão vasto e diversificado em tão pouco espaço você deve estar sentindo falta de alguma coisa. Certamente se você já passou por lá já viu um grupo de religiosos que fazem lá seus sermões. Rodas humanas se formam em volta do pregador que com a Bíblia debaixo do braço, voz impostada, dedo em riste e gestos extravagantes buscam levar um pouco de alento às pessoas conseguindo arrancar de quando em quando alguns brados de "aleluia, glória a Deus!".
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Ao chegar no destino me deparo com dois irmãos aqui da igreja onde eu frequento, tamanha coincidência é raro de acontecer. Acabo de constatar que o mundo é mesmo pequeno dependendo da ocasião.
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Andar dentro da loja da Casa é estar envolvido do melhor material possível para a vida espiritual de qualquer cristão, não só Adventista como de qualquer outra denominação.
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Livros dos mais variados temas e dos mais diversos autores. Cd's e dvd's de cantores, grupos, quartetos, trios, duetos, shows, documentários, estudos bíblicos. Bíblias de estudo em porutuguês e em outros idiomas. Lições, revistas, devocionais e afins. E não só tem alimento para a mente como também para o corpo. A Superbom montou um estande lá com sucos, cereais e afins.
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Fui lá não apenas para comprar as lições como també para buscar um livro, Na trilha dos pioneiros.
Faz tempo que estou querendo ler esse livro para poder dar continuidade ao meu processo de aprofundar meus conhecimentos na história da igreja. Só que não tinha lá o livro, o mesmo já saiu fora de circulação e não está mais disponível para publicação. Uma pena, porém sempre há uma esperança. O rapaz da loja perguntou se eu não me interessaria em deixar meu nome e meus contatos para caso achasse o livro em alguma filial ele me contatar. Feito isso eu paguei as lições e fui embora.
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Fui bem no horário de pico em plena estação Sé do metrô. Mal eram 17h07min e a fila enorme já se formava para passar o bloqueio das catracas e em meio ao empurra-empurra eu me deparo com uma beldade estonteante, valeu a pena o sofrimento.
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Quando já estava prestes a atravessar o bloqueio o rapaz da loja me liga e afirma que encontrou o livro em uma filial de Campo Grande-MT. Que ótimo! Agora é só depositar R$ 7,00 na conta da filial e enviar o comprovante para que o livro chegue na Sé e eu vá lá retirá-lo. Farei isso o quanto antes. Valeu pelo êxito, fiquei feliz.
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Quando volto para casa já é noite e estou cansado, louco para tomar um banho e comer alguma coisa. Na subida da minha rua uma garota passa, passa porém o perfume ficou no meu nariz, era o perfume da Stella. Será que era algum presentimento? Era sim, ela me ligou depois que eu cheguei em casa.
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Geralmente ela me liga quando se mete em confusão ou quando está de casinho novo, dessa vez não era nada, era só saudade de mim mesmo.