Sexta-feira 06 de fevereiro, 15h37min, Cotia/SP.
Acabo de chegar na Igreja Adventista do Sétimo Dia no bairro do Portão, centro de Cotia. De lá sairá o ônibus que nos conduzirá à Convenção Jovem 2009.
Estou suando e ofegante por carregar a bolsa da viagem e subir aquelas ladeiras. Não admito! Um cara que foi Desbravador por cinco anos e 3º Sargento do Exército por outros 5 carregando uma bolsa de viagem estilo mala ao invés de portar sua mochila operacional de "grande capacidade" nas costas.
Ao chegar no local não vejo movimentação de pessoas e nem sinal do ônibus, resolvo ligar para o companheiro Aleks para aliviar a tensão e trocar umas ideias, o cara sumiu a semana inteira e eu não o tinha cumprimentado desejando felicidades em razão da comemoração da sua data natalícia.
Ele atende, não pode falar muito, está aplicando uma prova e não quer dar brechas para que seus alunos colem.
Olho no relógio, são 15h43min e vejo duas mulheres acenando e perguntando se também vou à convenção, afirmo positivamente e elas informam que o ônibus está estacionado na rua debaixo, acompanho as mesmas e vejo o nosso transporte. Não era lá essas coisas, mas tinha uma Tv de 10", DvD, ar condicionado e um frigobar com água e maçãs geladinhas.
Entro no ônibus, o motorista e uma jovem assistem a um filme que está passando, nem me dou conta de qual filme é. Guardo minha bagagem no banco do lado, nada de bagageiros, não gosto de me desfazer da bagagem, sento no lado da janela. Poucos minutos depois chega um jovem magro e alto, era o distrital dos Desbravadores da região de Cotia, depois descobri que seu nome era Fernando e durante o evento pude constatar que era um cara legal demais e um exemplo de jovem cristão.
O calor do interior do ônibus não me deixa ficar quieto, resolvo sair e ligar para o Aleks. Acabou a prova e deu tempo para conversarmos um pouco, cumprimentei-o pelo seu aniversário, aparamos umas arestas causadas por uma recusa da minha parte em querer das estudos bíblicos para seu irmão no domingo anterior lá pelas 21h17min. Tudo resolvido, amizade verdadeira tem que sobreviver a esses percalsos. Desligo o celular, recebo uma mensagem da operadora. Ganhei 20 minutos de bônus, legal!
Volto para o ônibus e recebo a ligação da Luiza, namorada do Aleks. Ela tava querendo escolher um verso do Apocalipse para escrever na dedicatória do livro "O Grande Conflito" que daria de presente a seu gerente. Dou meus pitacos e sugiro Apocaplipse 12:17 ou 14:14, que apontam as características dos santos salvos ("... os que guardam os mandamentos de Deus e tem a fé em Jesus..."), ela agradece e desliga o telefone.
O tempo vai passando e o pessoal vai chegando, não conheço eles, mas eles se conheciam e se cumprimentavam como que amigos de longa data. Me sinto um tanto quanto deslocado, não cumprimentava ninguém e ninguém me cumprimentava.
São 16h18min, o ônibus sai para buscar um pessoal de Piedade e Pilar do Sul que estava aguardando no Terminal Central Rodoviário de Cotia e depois retorna ao ponto de partida.
Os minutos vão passando e também a paciência dos presentes com o povo que tá faltando. Descobre-se então que o pessoal da Igreja Central de Itapevi resolve ir de meios próprios para a convenção, dispensando assim o transporte do ônibus. Que bom seria se eles tivessem avisado antes! Mas esse fato não me causa estranheza, já que é do feitio deles tomarem esse tipo de atitude. Tinha até me esquecido que o sol e o mundo giram em torno deles... Bom, mas deixemos as amenidades de lado e voltemos ao raciocínio do texto.
Uma mulher que não lembro o nome orou pedindo proteção pela nossa viagem, 17h48min, estamos saindo e pondo o pé na estrada. A Márcia, com quem eu tinha conversado no dia anterior para acertar o horário do ônibus vem até minha direção com uma lista de nomes e me pergunta quem sou eu, respondo meu nome e recebo um elogio junto com um incentivo pelas programações do Ministério Jovem de Itapevi realizadas em Janeiro, crédito para meus associados e todos os jovens da IASD de Jd. Paulista, faço das palavras dela as minhas palavras: Parabéns!
Sexta-feira a tarde não é um bom horário para empreender viagens, não só pela proximidade com o horário da chegada do pôr-do-sol e a chegada do Santo Sábado, mas também quando se trata de usar qualquer rodovia paulistana que fique próxima ao centro de São Paulo, é um verdadeiro exercício de paciência que desanimaria até um monge tibetano.
O trânsito flui bem até chegar na Francisco Morato, região de Pinheiros. Naquele momento chega até a mim uma garota muito bacana e sorridente pedindo confirmação de dados pessoais e funções eclesiásticas, descubro que ela é namorada do Fernando, aquele cara lá do começo do texto que falou comigo. Assim como ele, ela é muito bacana e senti muita simpatia por ela, que DEUS abençõe o casal!
São 19h23min, a galera do ônibus tá assistindo a Let's Talk, um programa onde o Pastor Jan Poulsen, presidente mundial das IASD, participa de um bate papo descontraído respondendo as perguntas dos jovens. Antes disso o pessoal tava vendo Crônicas de Nárnia e o Príncipe Caspian, me parece a dica de um bom filme para poder distrair a cabeça enquanto se ouve buzinas e trafega a metros por hora na marginal pinheiros.
Se aproxima a hora do Sábado, cantamos hinos, recitamos versículos e a pedido da Márcia eu dirigi a oração. Agradeci a DEUS pela semana e pelo Sábado que tinha nos concedido, pedi que abençoasse nossa viagem e a convenção que participaríamos no dia seguinte. Foi meu último contato com o povo do buzão antes de chegarmos a Paraibuna, nosso destino.
Durante a viagem tive tempo de sobra para refletir sobre vários acontecimentos da vida no que diz respeito ao profissional, acadêmico, sentimental e eclesiástico.
Luz apagada, estrada solitária, estrelas no céu, chuva fina na janela e a solidão apertava de vez em quando, me sinto no meio de estranhos. As perguntas da vida começam a pulular na mente. Quase todas elas sem resposta, ou, com uma única resposta.
O relógio mostra 21h04min no visor, resolvo criar coragem e mandar uma mensagem de texto a alguém especial com a qual não falava há muito. Desejo um bom final de semana e pergunto pelos seus pais. Às 21h06min, recebo a confirmação do recebimento da mensagem no celular da destinatária. Ela não me responde, mas sei que ela leu, fiz minha parte.
Paramos num posto próximo ao local de destino, esqueci de ler o nome, mas tinha um cheiro super agradável de comida.
Pernas esticadas, rosto lavado, bexiga aliviada, hora de voltar para o buzão. Mais uma hora e meia de chuva fina, escuridão, solidão e estradas mais sinuosas do que as curvas da sunamita e já estamos no nosso destino, Hotel Fazenda Vale dos Cedros.
Descobrimos que não somos os únicos a chegar tarde, minutos antes de chegarmos, um pessoal da 3ª região da Paulistana acabara de aportar no estacionamento.
Formamos fila, fico ao lado da Viviane, departamental jovem da Central do Rosemary. Gostaria que fosse outra Viviane. Sou acometido de um surto de devaneios nostálgicos... Eita nome lindo que me persegue por essa vida a fora... Boas lembranças!
Bom, até que enfim adentro a recepção. Dou meu nome a secretária que confirma meu quarto, 58. Antes disso vejo o Pastor Venefrides, departamental jovem da Paulistana juntamente ao Pastor Gerson "vestindo a camisa da solidariedade" e orientando o povo que chega, distribuindo camisetas e material do evento, tirando dúvidas e etc. Um verdadeiro líder tem tem que servir, e eles deram o exemplo.
Antes de ir ao quarto eu vou logo ao refeitório que ainda se encontra aberto.
Chegando lá devoro dois lanches. Tudo natural, alface e outras coisas que não noto, mas que tinham um gosto ótimo, tomo alguns copos de suco e me farto. Agora sim, vou procurar meu quarto e tomar um banho, antes que o pessoal que está comigo hospedado chegue e eu tenha que enfrentar aquela fila para o banho.
Quarto 58 ainda vazio, dessa vez fico feliz pela solidão. Dois beliches, uma Tv, um espelho, um banheiro que não tem pia e uma água quente demais, falando sério mesmo, tava fervendo demais a água. Bom, não tem muito o que fazer, vou encarar a água fervente e tomar banho, banho esse que serviu para me irritar e não relaxar, odeio banho quente!
Saio do banho, se é que podemos chamar aquilo de banho, troco de roupa, ajusto minhas coisas e resolvo dar uma volta pelo local e me situar.
Andando pelos corredores do hotel eu vejo muitas jovens bonitas, jovens desfilando com a camiseta de seus times de futebol, se eu soubesse tinha trazido uma das minhas camisetas do Santa Cruz, e vejo também a vista maravilhosa que o local oferece a seus hóspedes.
Nessas idas e vindas pelos corredores do hotel eu meu deparo com o Rodolfo e o Alex. Eu pergunto para eles onde estavam hospedados, eles responderam que era no quarto 56 e 57 respectivamente, afirmo que estou sozinho e o Alex me convida para dividir o quarto com ele e o Fernando. Fico meio receoso de tomar essa atitude com medo de dar algum problema na admistração, etc. Eles me respondem que isso é algo corriqueiro em convenções, acontece isso a toda hora afirma o Alex.
Resolvo aceitar o convite deles e me dirijo ao quarto 57, que pelo número imaginava ser do lado do meu, ledo engano, ficava lá no fundão do corredor. Mas isso é o de menos, chegando lá me deparo com uma cama, um banheiro hiper descente que tinha chuveiro gelado e uma Tv 20", (na noite seguinte descobri que ela não funcionava). Estava solucionando dois problemas de uma só vez, a falta de alguém para conversar e a água vulcânica do outro chuveiro.
Dou mais umas voltinhas pelo hotel olhando a paisagem, dessa vez acompanhado de meus dois novos colegas e depois volto para o quarto. Antes disso porém, resolvo avisar a Stella que estava com o sinal do celular quase inexistente. Quase que instantâneamente ela me liga, conversamos algumas amenidades e nos despedimos em paz.
Olho o relógio, 01h23min, entro no quarto e resolvo me deitar, antes porém a Raina, esse é o nome daquela jovem que pegou meus dados pessoais no início da viagem, veio atrás do Fernando. Bom, na verdade atrás do Fernando não, do ferro de passar do Fernando, e ela não está sozinha, está acompanhada do Cláudio, rapaz gente boa de uma das igrejas de Cotia. O Fernando não está e a Raiana resolve não mexer nas coisas do namorado sem autorização do mesmo, moça de princípios essa.
Passados alguns minutos e resolvido o impasse do empréstimo do ferro de passar, resolvo dormir, bom, não antes do Fernando e do Alex voltarem de suas respectivas ações pelos corredores do Vale e me interpelarem com várias perguntas tal como crianças na "fase do por que?".
Conversamos um pouco para nos conhecer melhor e tornar nosso convívio mais agradável.
O relógio aponta 02h36min, resolvo desligar as turbinas e me entregar ao sono.
Fim do primeiro dia.